quarta-feira, janeiro 28, 2009

À pesca

O Bastonário dos Advogados, sobre quem não me atrevo a ter opinião porque dá várias no cravo mas também umas tantas na ferradura, deu uma entrevista altamente polémica.
O senhor, entre várias coisas, declarou que as buscas a escritórios de advogados tal como foram feitas se assemelha a terrorismo de Estado, porque os mandatos vão em branco.
Considera que os polícias devem levar «a identificação daquilo que se pretende», para evitar que vasculhem os computadores dos escritórios e retirem «tudo o que lhes convém».
Assim à primeira vista parece justo. A não ser que andem realmente às apalpadelas, e essas leituras dos computadores sejam uma pesca à linha rede.
A verdade é que mal o homem se calou e logo houve um coro de protestos!
A Associação Sindical dos Investigadores da Polícia Judiciária declara que as palavras de Marinho Pinto são «actos de terrorismo», numa certa baralhada entre palavras e actos; a Associação Sindical dos Juízes afirma que ele lança «areia» para os olhos das pessoas; e Fernando Negrão considera que as palavras do bastonário são «causadoras de alarme social»
Mas por outro lado, Proença de Carvalho (olha que quem...) pensa que as buscas a escritórios de advogados com mandados em branco são de repudiar.
Mas porquê só a ‘escritórios de advogados’?

Assim, para uma leiga, um mandado em branco parece uma prepotência.

Mas talvez eu não esteja a ver bem a coisa...

13 comentários:

Anónimo disse...

Huuummm...
Já que estás numa 'marítima' (para além do trocadilho da pesca à rede, ou à net...) parece-me que este barco pode vir a meter muita água!

Anónimo disse...

Este Marinho Pinto, pelo menos é diferente, em absoluto, dos antecessores.
Mas que todos eles adoram protagonismo, tá na cara! Também escolheram a profissão certa :)

E isso de mandatos em branco, é o máximo! Seja para quem fôr.

cereja disse...

Este bastonário tomou algumas posições que para quem está de fóra pareceram de louvar. Depois fez outras declarações que... benza-o Deus!
Mas o que quis acentuar aqui foi que ele pisou alguns calos de certeza ou não vinham a correr tanto a defenderem-se. E essa coisa de mandatos em branco, cof...cof...

Anónimo disse...

Mas olha que acho que advogados e médicos deviam de facto ter alguma protecção.

Se os seus ficheiros podem ser vasculhados, a nossa privacidade para onde vai?....

josé palmeiro disse...

Como eu sou do tempo em que até sem mandatos, se faziam buscas prisões e outras tropelias, não me admira que, hoje,ainda haja quem use esses métodos, aprenderam nessas escolas. O Sócrates, não fez casas? É que ele é engenheiro da Independente, tudo certo.
A sério, o que dá gozo é ver o corre corre, de todos os lados, quando um Márinho qualquer, resolve abrir as guelas e deitar cá para fora, bem ou mal, tudo o que acha necessário para mais um número de circo.

Anónimo disse...

E tudo muito polémico mas parece-me que é bom haver na sociedade pessoas que têm direito a ter voz que a usem. Porque o que mais se tem constatado com esta crise é que se vive mergulhado numa podridão aceite pelas instituições que foram criadas para que tal não aconteça. A justiça não funciona e pergunta-se porquê? Porque se fazem leis que podem ser sempre interpretadas e manipuladas por advogados espertos? Marinho e Pinto gosta de protagonismo,( e quem não gosta? ) mas vai levantando aos poucos, alguma poeira e eu acho bom.

André disse...

Quanto à questão do protagonismo do senhor, não me pronuncio, mas julgo que como figura pública, que o é, tem a obrigação moral de defender a sua classe e alertar para coisas que vão menos bem. E essa coisa dos mandatos em branco tem o seu quê de PIDEsco, ou não...?
Até onde vai a autoridade dos senhores com farda?

cereja disse...

Quando eu disse que ele por vezes dá umas na ferradura, é porque tenho ideia de que já por mais de uma vez disse umas coisas que não eram justas, e o caso mais sério foi ter defendido que a «violência doméstica» não devia ser crime público porque isso ia impedir que a vítima pusesse fim ao processo. Acho que ele devia estar noutro mundo, decerto. Porque é que uma vítima há-de querer 'por fim a um processo'? Só quando o medo é tão grande que a isso a leva. Aliás se há um processo, o acusado pode sempre defender-se, ou não?... Foram coisas dessas que me fazem por vezes desconfiar dele.
Contudo, esta coisa dos mandatos em branco, são realmente «pidescos» como vocês dizem.

Anónimo disse...

só 1 pequena correção: é "mandado" e não "mandato"

cereja disse...

Obrigada, amigo «anónimo».
Já corrigi nos post. Foi falta de atenção para além de ignorância, porque no artigo que citei vinha como deve ser...

josé palmeiro disse...

Neste estado de coisas, nós andamos tão "mandados", (p'rá rua; p'ró desemprego;p'ra todos os lados) que até nos esquecemos, que eles, e eles aqui são os polícias, vêm mandatados com o "mandado" e, como são obedientes, nem reparam se, o mesmo, vem escrito ou não. É por isso.
Desculpem a brincadeira. Bem visto, Anónimo, nós errámos.

cereja disse...

Bem visto, Zé Palmeiro. Aqui está um belo jogo de palavras :)
Mas a verdade é que mesmo conhecendo a diferença entre a palavra escrita com d ou com t, sem querer eu escrevi no post aquela que mais se costuma dizer, e os comentadores por ali abaixo foram atrás de mim...
A observaçãozinha veio mesmo a propósito e dita de um modo muito simpático e delicado. Fiquei grata.

Anónimo disse...

Estou com ZP.