quarta-feira, abril 30, 2008

Os transportes e o civismo

De vez em quando apetece-me rabujar.
(Não ganho nada com isso mas fico mais aliviada. Pronto!)

Todos os dias são transportados por Lisboa milhares de passageiros, e a carapuça do que vou dizer só entra com certeza nalgumas dezenas (centenas…?) ou seja, acredito que a maioria das pessoas se comporta devidamente quando anda num transporte.
Mas...

A primeira embirração é no metro.
O metro tem escadas e passadeiras rolantes. Facilitam a vida. Se subirmos por uma escada que está em movimento ou andarmos por uma passadeira, chegamos mais depressa. Mas, é claro, que ninguém é obrigado a isso. Posso estar bastante cansada e pensar que se aquela coisa anda sozinha escuso de me esforçar a subir os degraus, quando chegar lá acima é só dar um passo em frente. Muito bem. E por isso mesmo é que se aconselha, a quem quer circular, que siga pela esquerda da escada ou passadeira, e quem quer esperar quieto, se encoste à direita. Mas aquelas santas almas que se agarram com afinco uma mão no corrimão da esquerda e a outra mão no da direita?... e a gente aos gritos «com licença!» «com licença!» e eles moucos até se sentirem em terra firme!

Mas há ainda outra variante no metro, que é à chegada à estação, postar-se um rolhão de gente exactamente em frente da saída de cada porta, e nem eles conseguem entrar nem os que lá estão conseguem sair. Não entra naquelas cabecinhas, que se deixassem sair primeiro quem lá está dentro, teriam muito mais espaço para poderem entrar. Aquilo são frustrados jogadores de rugby que adoram o empurrão.

A minha segunda embirração passa-se nos autocarros e tem a ver com as saídas.
A entrada, faz-se pela frente, como se sabe, até para poder passar o chip do passe na máquina do controlo. Muito bem. De uma forma geral, essa entrada faz-se ordenadamente, com uma ou outra pessoa a passar à frente mas nada de muito grave. E a saída faz-se pela outra porta, que até apita antes de fechar. Mas há umas criaturas que, mal o autocarro começa a parar gritam «com licença, deixe-me sair aí pela frente!» e lá vão empurrando todos até sair pela frente como querem.
Não consigo entender isso. Se estivessem mesmo ao pé do condutor, enfim, poupavam uns passos até à outra porta apesar de ser errado. Mas muitas vezes nem é isso. A distância é igual entre a porta de saída e a da entrada e eles lá vão marrando contra a corrente de quem está a querer entrar, para … sair pela frente!

Para quê?!


11 comentários:

Anónimo disse...

Uff...
Que grande post - em tamanho, sem ofensa.
Estavas mesmo irritadinha da silva, mulher!
Mas concordo que são situações que também me deixam enervada. Afinal viver-se em sociedade devia aprender-se, mas não. Cada um vive como se fosse único e pronto!

Anónimo disse...

Ainda volto, para corrigir uma coisa: esta a brincar com o «grande» mas não queria dizer que fosse desinteressante, percebeste? Mas é daqueles que cá para mim foram escritos noutra hora que não apressada antes de saíres.

ilha_man disse...

Em Viena, as pessoas que vão entrar esperam na zona lateral das portas.O corredor esquerdo das escadas está livre para quem tem pressa.
Países com pessoas civilizadas e cívicas...bem diferente de bem comportadas.

Anónimo disse...

Ilha_man, ficaste mesmo picado com as nossas observações de ontem! Não vejo que dizer "bem comportado" seja ofensivo, mas enfim. e estes pontos que a Emiele foca, são verdade sem dúvida, mas ela mesmo diz que é uma minoria. Também há muita gente que deixa espaço nas escadas para os outros se deslocarem, e se coloca ao lado das portas à espera que saiam primeiro os que lá estão antes de começarem a entrar...

Anónimo disse...

Tem piada, julgava que só eu reparava nessas pessoas que adoram sair pela porta da entrada!...
Faz sentido, se não está ninguém a entrar e é alguém que anda com dificuldade ou com uma criança ao colo, que use esse caminho mais liberto, mas como chamas a atenção, muitas vezes seria bem mais fácil se saisse por trás junto com os outros todos do que ter de atravessar a multidão que está a entrar! Vai contra a corrente e a dificuldade é bem maior!

josé palmeiro disse...

Sabes, essa disciplina não é dada nas escolas, nem faz parte dos "currícula", e chama-se: "Educação Cívica".
Não há volta a dar a não ser como uma vez no metro, era o meu filho, mais velho, pequenino, já lá vão uns bons trinta e cinco anos, estava na cadeirinha, e um desses apressados resolveu passar e levar a cadeira à frente, o que não conseguiu pois levou um tal chuto no trazeiro, que saltou por cima dela. agora, reparem ao tempo que isto foi, logo, sempre houve gente assim, não é de agora, como també houve e há, gente da outra, cumpridora e respeitosa, bastou tomar chá, em casa.

Anónimo disse...

Aqui na história que a Emiéle conta, não é tanto a falta de civismo que nos espanta, é sobretudo a falta de inteligência. Tirando o caso do «bloqueadores das escadas rolantes», onde é egoísmo associado à palermice, nos outros dois casos, é mesmo estupidez. Porque vejam bem, que quer no caso dos que querem entrar ao mesmo tempo dos que querem sair, quer no caso dos que insistem em sair pela porta da frente, esse «incivismo» até os prejudica a eles próprios!... Despachavam-se bem mais depressa se seguissem as regras. Na minha visão, eles são é burros!

Anónimo disse...

O chá ajuda, Zé. Mas a sociedade também. Repara que o teu brutamontes que levava o carrinho do teu filho à frente, se estivesse na Áustria como conta o Ilha_man, até se devia sentir mal por ir contra a atitude geral. Para mim, são as duas pernas que dão o equilíbrio.
Ah, e claro que a Escola também podia ajudar. Assim como ensinam (e bem) a reciclar o lixo, podiam ensinar a 'reciclar' comportamentos abrutalhados.
Vidé o camionista que anda a marrar com a Alex logo de manhãzinha sem a deixar tirar o carro!

josé palmeiro disse...

Parece-me que estamos todos na mesma frequência só que em estações diferentes, assim, Kim se posso concordar que haja gente que se agarre aos corrimãos como dizes, também te deves lembrar que há muita gente que tem pânico, mas pânico mesmo, de andar em escadas e passadeiras rolantes e que assim se sente mais segura para a viagem. Aqui o bom senso recomenda que se peça licença, ou que se não tenha pressa e se actue com diplomacia pois a pessoa que assim viaja pode ser das que têm falta de confiança.
No fundo é tudo o que a Mary descreve um misto de casa, de escola e de cidadania, o que mais falta por estes locais.

cereja disse...

O Zé Palmeiro tem razão, algumas das pessoas que se agarram aos dois lados da escada ou passadeira, é porque têm receio do aparelho. Contudo, no caso do medo ser muito, há sempre uma escada 'normal' por onde se pode subir. Conheço quem tenha esse medo de elevadores e prefira subir a escada a pé. OK. Entendo. Mas lá que é chato, é. Porque muitas vezes estamos com pressa e a escada costuma ser lenta; por outro lado há quem o faça como brincadeira, até vão de costas a falar com o amigo que vai logo abaixo, por exemplo. Nesse caso não há a menor justificação.
Contudo a Joaninha, tal como eu, tem reparado nas tais pessoas que têm a dita mania de sair pela porta errada. A mim encanita-me isso, que querem?...

Anónimo disse...

Ai Emiéle, tu és a voz da nossa irritação. E o pior é que nesses casos de palermice anti-cívica nem vale a pena explicar nada. Quando muito o tal empurrão que é a linguagem que entendem.