quinta-feira, novembro 22, 2007

Falta QUÊ?...

Ele há títulos de jornais estranhos, ou então é o pensamento dos senhores dirigentes que é estranho… Eu leio no JN:
Faltam desempregados para ensino especial A sério. Faltam desempregados. É o que vem lá escrito. Temos de arranjar, urgentemente, mais desempregados para cobrir essa carência...
Vamos ler a reportagem e realmente a confusão é enorme!

Primeiro – para se ensinar crianças com NEE é preciso como é óbvio uma preparação. Exactamente por serem crianças diferentes devem ter técnicas de ensino diferentes.

Segundo – Existem, infelizmente, muitas crianças com NEE. Nalguns casos o problema é relativamente leve e o seu professor consegue integrá-la com um apoio de um especialista, mas noutros a deficiência é tão severa que obriga a muito mais tempo de trabalho desse especialista.

Terceiro – ‘A procura é maior do que a oferta’ ou seja há bastantes mais crianças do que técnicos. E então sai esta pérola dos lábios do Senhor Secretário de Estado:
"Não existem professores desempregados com formação para apoiar crianças deficientes, razão pela qual estão a ser recrutados docentes sem experiência em Educação Especial" Repare-se que não disse (pelo menos o artigo não o refere) que vai investir na formação urgente de professores habilitados para o efeito. Não. Foi à «bolsa dos desempregados» à espera de lá encontrar professores especializados…
Surpresa! Não havia.
Bem, então foi à caça com o gato, e lá arranjou professores sem habilitações mas que… seriam supervisionados por aqueles que as tinham.

A verdade é que quando se decidiu – e bem – integrar as crianças com NEE no ensino regular, como sempre começou-se pelo fim. Primeiro, retiraram-se das Escolas de Ensino Especial que seriam segregadoras. Depois, é que se foi verificar se o ensino regular tinha condições para integrar esses meninos.
Não tinha.
O resultado está à vista.


10 comentários:

Anónimo disse...

Sem comentários.
São bojardas destas que definem um tipo.
Neste caso sempre que abre a boca não entra mosca.

Anónimo disse...

Não é uma área que domine mas tenho familiares que me explicam muitas coisas!
Realmente, como em muitas decisões, deu-se um passo maior do que a perna quando de pretendeu integrar todas as crianças com deficiência no ensino regular (não serão TODAS é claro, mas uma enorme percentagem) sem estabelecer primeiro que respostas esse ensino poderia dar - com qualidade.
Está à vista.
Aliás a Saltapocinhas no blog dela já tem falado por várias vezes desta questão.

Anónimo disse...

Hoje parece que o Pópulo ficou no tema infantil (ali «a mobilidade» foge um tanto, mas também temos de passar com cadeirinhas de bebé, não é verdade?)
Que se pode dizer?!
que para já a frase não pode ser mais infeliz. Esta equipa do M.E. devia ser proibida de falar em público, por que é um verdadeiro desastre. Devia arranjar um porta-voz qualificado, que soubesse filtrar convenientemente as suas palavras!
Por outro lado realça completamente o critério economicista desta equipa do ME. Não se planeia segundo as necessidades, vêem os recursos que existem e assim dão as respostas. Interessante.

Anónimo disse...

As histórias que eu conheço sobre o dito economicismo encoberto com a desculpa da DECLARAÇÃO DE SALAMANCA ilustram bem a vergonha que é este país!
Dizemos muitas vezes que cá se começa a construir a casa pelo telhado esquecendo os alicerces. Eu penso que nem pelo telhado! Acho que primeiro se escolhem as cores das paredes, a colocação dos interruptores, a louça da casa de banho. Alicerces ? Há muito tempo para pensar nisso...
O saco do chamado «Ensino Especial» é de bradar aos céus. As Escolas Privadas eram más. E saía caro ao Estado o subsídio. Portanto acabou-se com isso. De uma penada, sem mais nada.
Evidentemente que a Declaração de Salamanca propõe, e correctamente, que as crianças com NEE sejam integradas. Mas integradas não é serem matriculadas num ensino normal e frequentarem esse ensino como qualquer outra criança. Esse é um passo, com uma retaguarda muito protegida.
Nada disso.
Um menino que não entende o que lhe dizem, que mal consegue estar sentado, que se baba, que não tem dois minutos de atenção seguidos, é suposto ser ensinado por um professor que vai ensinar a ler, escrever e contar ao mesmo tempo a uma turma de crianças de 6 anos.
Estará tudo louco?

MAB

Anónimo disse...

Ena! Foi a primeira vez que experimentei fazer um link, tal como me ensinaram, e saiu bem.
Foi uma surpresa para mim.
MAB

PS - Queria felicitar a Emiele por trazer aqui este tema que é tão importante

Anónimo disse...

Acho graça a lata do Valter Lemos a afirmar que «nenhuma criança fica sem apoio». Deve estar parvo. O que é que pensa que é um apoio?...
Como diz no Público (de papel) são professores de Economia,Português/Francês, Filosofia , História, Electrotecnia ou Hortofloricultura. Devem entender bastante de apoios a crianças com «graves problemas de desenvolvimento mental e motor e multideficientes»
Que apoio lhes dão? Colinho?
Melhor que nada.

josé palmeiro disse...

Nada a acrescentar, disseste tudo. Muito bem, é assim mesmo. Será que o governo é NEE?

cereja disse...

Olá MAB! Se foi o teu primeiro link saíu uma perfeição e ajudou a esclarecer quem estivesse um pouco a leste.
Realmente a questão é quererem fazer a omelete e guardarem os ovos. Assim não dá! Ou se investe ( e os países que integram de facto estes meninos - estou a pensar na Suécia - gastam mesmo uma parcela significativa para o fazer) ou então "faz-se-de-conta". É o caso presente. Por um professor apenas porque não tem horário a ensinar estes meninos é completa falta de respeito por todos: pelos professores e pelas crianças.

saltapocinhas disse...

está tudo dito...
não tenho nada a acrescentar, infelizmente!

e lá me vou ter de desenrascar com uma professora de evt do 2.º ciclo a dar apoio às crianças com NEE!

(ela coitada, também não tem culpa nenhuma!!)

cereja disse...

Nem ela, nem a criança, nem tu.
Mas custa ouvir disparates daqueles.
Conheço alguns pais de crianças que andam desesperados, sabem perfeitamente que os seus filhos necessitam de outros cuidados e não os vão ter!