Adeus Béjart
Na quarta-feira, ELE despediu-se.
Mas ficaram em nós as suas memórias.
Eu ia escrever as recordações que Maurice Béjard me levanta mas lembro-me de um post excelente, já um pouco antigo mas como vão ver, muito actual porque as memórias não passam. E eu partilho destas memórias:
Mas ficaram em nós as suas memórias.
Eu ia escrever as recordações que Maurice Béjard me levanta mas lembro-me de um post excelente, já um pouco antigo mas como vão ver, muito actual porque as memórias não passam. E eu partilho destas memórias:
Copiado directamente do blog «UM BIGO MEU»
6 de junho de 1968.
no coliseu dos recreios, a companhia de ballet XXe siècle apresentava o seu Romeu e Julieta. no fim do espectáculo, "o Coliseu vem abaixo. Os aplausos não cessam. (...) O público quer Béjart. Este aparece. Faz um sinal, levanta os braços, imperioso. Silêncio total. Com uma voz que se ouve em toda a sala: "Robert Kennedy foi assassinado... foi vítima da violência e do fascismo... (...) Como todos os que estão aqui esta noite, somos contra as ditaduras... peço um minuto de silêncio" (...) Durante 20 minutos a assistência aplaude freneticamente.", recorda o Diário de Lisboa, já em 1974. Umas horas depois, a PIDE ia buscar Béjart ao hotel. Meteu-o num carro blindado e deixou-o num pequeno posto fronteiriço espanhol, numa estrada deserta, às três da manhã. O caso foi abafado.
9 de junho de 1968
é publicada, em todos os jornais nacionais, a seguinte nota oficiosa:
"APROVEITAMENTE DE UM ESPECTÁCULO DE ARTE PARA FINS POLÍTICOS
Do Secretariado Nacional da Informação, recebemos a seguinte nota: Durante o espectáculo de uma companhia estrangeira, realizado em Lisboa na noite de 6 do corrente, foram dirigidas à juventude exortações derrotistas e tomadas de atitudes de especulação política inteiramente estranhas ao próprio espectáculo.
Perante a luta que temos de manter em defesa da integridade nacional, não pode consentir-se que uma companhia estrangeira aproveite abusivamente, um palco português para contrariar objectivos nacionais.
As autoridades foram, assim, forçadas a impedir a permanência em território português do súbdito estrangeiro responsável por aquele espectáculo."
abril de 1974
Logo após a revolução de Abril, Maurice Béjart dá a conhecer à Gulbenkian a sua vontade de voltar a Portugal.
6 a 8 de junho de 1974
Béjart regressa ao coliseu, onde apresenta Romeu e Julieta, o mesmo espectáculo de 1968.
1998
O coreógrafo belga traz Le Presbytère a Portugal.
Dois dias antes da estreia, Jorge Sampaio condecora Béjart com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
2002
Béjart regressa, com Sete Danças Gregas, Brel e Barbara e Bolero. Deixem-me que vos diga que... eu estava lá!
abril-maio de 2004
mais um regresso, ao coliseu.
e eu... vou lá estar. nesse dia, vou festejar. festejar o espectáculo. festejar os 50 anos de carreira do Béjart. e festejar os 30 do 25 de abril.
10 comentários:
As memórias não passam, não. Se passam é mau sinal!
(tenho andado calada, mas passo sempre por aqui! obrigada pela visita)
Olá Méri!
(a minha visita também é habitual; nem sempre escrevo nada, afinal como tu, mas dois anos é de comemorar!!!)
Tempos....
Eles vão desaparecendo, mas não das nossas recordações.
Bom «roubo» este.
Creio que tinha lido na Teacher (é a mesma?) uma parte deste post. Vê-lo na totalidade é excelente.
E valha-nos o São Youtube que sempre dá para matar saudades.
Tinha estranhado não teres dito nada.
Bom, não se pode estar sempre em cima do acontecimento, eu entendo. E com este copy/paste (esperta!!!) redimiste-te!
Tás perdoada.
Com a viagem e os afazeres também me tinha passado, não ao lado, mas em tangente. Obrigado pelo que nos deste, e dou razão Mery, quanto ao Santo invocado.
No comentário anterior, juntei a Méri com a Mary e saíu "Mery". Desculpas às duas, os nomes são nomes e não são para trocar.
Não foi do meu tempo, mas é fácil de imaginar que para a época este ballet fosse uma revolução. É espantoso como ele «reabilitou o corpo humano», nesta amostra que aqui deixaste. Pensava que há 40 ou 50 anos eram ainda tutus ou como se chama.
Curioso, não me lembro.Devia andar entretido c0m francesismos.
Não te lembras desta história, FJ? Foi tão falado! Aliás de vez em quando alguns artistas estrangeiros (Maria della Costa, por exemplo) vinham cá e «partiam alguma loiça». Eram «delicadamente expulsos» e os comunicados oficiais vagos e falavam como se houvesse grandes conspirações...
Eu peço desculpa por ter roubado o post - foi na Teacher, sim senhor, que o leste Joaninha - mas achei que era um depoimento melhor do que o que eu pudesse escrever.
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