terça-feira, outubro 02, 2007

Qual a moral da história...?


Estou com dúvidas se conto esta história. Mas porque é que um blog não há-de servir também para contar histórias pessoais?!
Ontem de manhã fui, a pedido de uma jovem amiga, entregar um requerimento para ela se candidatar a umas vagas que um dos nossos Ministérios tinha aberto. Nada de especial. Daquelas coisas que, segundo o anúncio, permitiam um «contrato de trabalho a termo resolutivo certo, com a duração máxima de um ano». A verdade é que lendo o dito «aviso» publicado nos jornais se ficava com dúvidas. Tanto assim que, podendo o dito requerimento ser entregue pessoalmente ou remetido pelo correio, eu aconselhei a ir pessoalmente (já sei o que ‘estas casas’ gastam!)
Consegui tirar a manhã, e desde cedo apresentei-me no local, perguntando ao Segurança onde me devia dirigir, recebendo a resposta risonha «Vire à esquerda siga em frente e é onde vir um montão de gente» Tal e qual. Mesmo cedo, estava já um montão de gente. Percebi que quem estava a ser atendido antes de mim, ouvia uma explicação demorada e voltava a sair com os papéis na mão. Huuuummm…
Quando foi a minha vez, a menina que estava a atender explicou-me que o requerimento estava todo errado! Como aquilo podia ser para vários locais a minha amiga escreveu um requerimento para cada local. Uma trabalheira porque foram muitos e muitos requerimentos mas, quer ela quer eu interpretámos assim, porque a frase era «quem se candidatasse a vários lugares bastava apresentar um único currículo». Ná! Afinal era apenas um requerimento onde se nomeavam os tais diversos lugares a que ela concorria. Por outro lado, dizia-se que o requerimento devia ser «elaborado de acordo com o disposto no artigo tal do Código do Procedimento Administrativo». Foi o que ela fez, mas estava incompleto. Tinha de acrescentar diversos pontos que não estavam nada claros no anúncio.
Tudo acabou bem, porque num foguete fui ter com ela, reescreveu-se o requerimento nos moldes exigidos e voltei ainda a tempo de o entregar com o tal currículo. Mas fiquei a meditar: e quem o enviasse pelo correio? E quem morasse tão longe que não tivesse tempo para as acrobacias que nós fizemos?... O meu espírito maldoso diz-me ao ouvido, que aqueles lugares 'tinham dono' – as pessoas que já estavam a trabalhar lá e conheciam todos estes procedimentos.

Mas quero terminar com uma nota agradável: a menina do balcão não podia ter tido mais paciência nem ser mais simpática! Tive tempo de a observar, e manteve o sorriso, o tom agradável com que falava, explicou delicadamente pela milésima vez o que faltava com se fosse a primeira e até, pegando nos nossos requerimentos, escrevia com a letra dela os pontos importantes. Uma vocação no atendimento ao público! Linda!

9 comentários:

Anónimo disse...

Este post li-o em diagonal que a história é comprida, vou guardá-lo para saborear como deve ser pela hora do almoço!
Inté!

Anónimo disse...

Uma história que é um modelo do que se passa constantemente. Eu também muitas vezes vejo esses anúncios em jornais e fico a congratular-me por não ter (até à data) precisado de responder. Com toda a franqueza, não faço a menor ideia do que se deve escrever num requerimento desses. Se não há uma minuta acessível, grande parte dos candidatos deve encontrar as dificuldades de que falas.
O mais grave é que tudo isso se costuma passar em curtíssimo espaço de tempo. Entre o anúncio sair publicado na imprensa e terminar o prazo para concorrer muitas vezes são dois ou três dias... Recolher a informação e a papelada demora mais tempo do que isso! Como dizes, até parece que se está a estender a passadeira para pessoas a quem se quer dar o emprego!

Anónimo disse...

Não tenhas a menor dúvida, que essa é uma capa para 'legalizar' e confirmar a entrega dos lugares a pessoas já pré-determinadas!
Aliás é revoltante que um tipo para concorrer a qualquer coisa tem 2 ou 3 dias, mas o júri do concurso pode levar depois meses a decidir!...
Acredito que seja difícil, se como se está a ver existirem muitos concorrentes, mas uma pessoa faz um concurso destes por estar aflito, [não para «mudar de emprego» como cinicamente os gajos da flexisegurança dizem, mas para TER um emprego ] e depois fica meses e meses a roer as unhas enquanto espera a decisão do júri.
Desculpa o desabafo mas este post tocou num ponto sensível!

Anónimo disse...

Este post é grande, mas vale a pena lê-lo!
Quem não se revê nisto?...
Só o que nem sempre acontece é o bom-bom final, a menina do balcão ser atenciosa e delicada. É raro! Merecia dizeres o nome.

Anónimo disse...

Plagiando o escritor diria que é «História sem moral nenhuma»!
Isto é o pão nosso de cada dia, mas soube-me bem ver em letra de forma! A verdade é que não se facilita nada as aberturas destes 'concursos'(?) mesmo que seja a mixuruquice de um trabalho que no máximo dá para um ano...

josé palmeiro disse...

Para já, congratulo-me com a denúncia duma situação, bastante comum, no nosso país. É na verdade uma vergonha e um engano, estes concursos em que já se sabe quem os vai ocupar e que só servem para cumprir a lei. Veronha para quem fez as leis e as infringe, sem o menor pudor. O testemunho e os comentários, são demesiado evidentes para que se lhes possa acrescentar, seja o que fôr.
Quanto à funcionária, às vezes, acontece. Pena que sejam exemplos que se não multiplicam com a velocidade que nós desejamos e merecemos.

Anónimo disse...

Cheguei agora depois duma discussão com a Netcabo que decidiu que em termos de net eu devo descansar aos fins de semana.Só que desta vez me enfureci porque ontem estive à espera que me atendessem ao telefone um ror de tempo até que disisti enquanto passavam um "rap" que começava exactamente por "Já que está à espera"...e depois me propunham uma série de coisas que eu só poderia fazer pela net... se a tivesse...E agora quem paga as chamadas,ali pendurada horas e o trafego que eu não gastei e pago ao mês ?Estupores só me apetece mudar de fornecedor...Imagina que tinha ido na cantiga e tb.tinha o telefone das criaturas?AB

Anónimo disse...

Ah! mas isto era para dizer que tudo quanto foi dito é mesmo assim,excepto a funcionária que parece ficção.AB

cereja disse...

Claro que este foi um desabafo, mas tinha de ser se não embuchava!!!